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A Carreira de Diplomata no Brasil

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O diplomata é um funcionário público federal que representa o governo do Brasil diante de outras nações e entidades internacionais

O Concurso Público de Admissão à Carreira de Diplomata é um dos poucos no Brasil que acontece, impreterivelmente, todos os anos. Com salários iniciais muito acima da média nacional e a chance de fazer uma carreira internacional, o número de candidatos inscritos para tentar uma vaga no Instituto Rio Branco (IRBr) aumenta a cada ano, tornado-se um dos mais concorridos e difíceis concursos do país.

Para concorrer à um cargo de diplomata no Brasil, não é necessário ter como pré-requisito o diploma em Direito. Basta ter uma graduação de nível superior em qualquer área.

Existem diplomatas com formação acadêmica das áreas mais diversas. Mas, de acordo com as estatísticas de concursos anteriores, o maior número de candidatos aprovados são aqueles com formação na área de Humanidades, tais como História, Geografia, Direito, Ciências Políticas e Comunicação Social.

No entanto, e independente da formação superior, é necessário muita persistência, dedicação e comprometimento durante o período preparatório para as provas, que pode ser de até 3 anos ou mais, dependendo do candidato.

Mesmo com atrativos como o salário em torno de R$ 12.900,00, possibilidade de viver e trabalhar nos países com os quais o Brasil mantém relações diplomáticas, plano de saúde vitalício em qualquer parte do mundo e, claro, o garantido prestígio da carreira diplomática, boa parte das pessoas não volta a tentar uma vaga devido ao nível de dificuldade das provas, que acaba por eliminar grande parte dos aspirantes à carreira diplomática.

Afinal, além de figurar como um dos concursos mais difíceis do país, a concorrência para uma vaga no Instituto Rio Branco é muito grande e de alto nível.  Nos últimos dados disponíveis no site do Instituto Rio Branco, no concurso de 2010 a relação canditado vaga era de 127,50 para 1.

Por isso, de acordo com o diplomata Paulo Roberto de Almeida, é recomendável que se tenha a carreira diplomática como uma aspiração, pois a garantia da aprovação no concurso resultará “(…) de uma preparação de longo curso, adquirida no contato constante com uma cultura superior à da média da sociedade, no cultivo da leitura descompromissada com a aquisição de qualquer saber instrumental, resulta da curiosidade atemporal por todas as culturas e sociedades, passadas ou presentes e, sobretudo, da contemplação ativa da realidade (…)”. Em suma, além de cursos preparatórios e leituras sôfregas da imensa bibliografia indicada, é necessário ser auto-didata, curioso por natureza, leitor voraz das editorias de Política, Economia e Cultura de jornais nacionais e internacionais e, o que talvez seja o mais importante, ter a vocação para a carreira diplomática. Sem estes elementos, grande parte dos aspirantes não tentará o concurso pela segunda vez.

 

A Carreira de Diplomata

O diplomata é um funcionário público federal que representa o seu governo diante de outras nações e entidades de caráter internacional, e é incumbido de auxiliar o Presidente da República na formulação e execução da política externa. São várias as áreas da política externa de atuação do funcionário diplomático – relações políticas e econômicas, cooperação internacional, divulgação cultural – e onde mais o interesse nacional tiver expressão.

Depois de aprovado no concurso organizado pelo Instituto Rio Branco, que é o órgão responsável pela seleção e treinamento dos diplomatas, o aluno ingressa no Curso de Formação do Instituto Rio Branco, que segue a metodologia de um mestrado, com duração de dois anos. O primeiro semestre é dedicado única e exclusivamente ao curso. A partir do segundo, além de dar prosseguimento aos estudos, os alunos passam a exercer funções no Itamaraty.

Concluído o período de formação, entra-se oficialmente para a carreira diplomática, ocupando o cargo de Terceiro Secretário. Os cargos seguintes seriam o de Segundo Secretário, Primeiro Secretário, Conselheiro, Ministro de Segunda Classe e Ministro de Primeira Classe (Embaixador). Os critérios para a promoção seriam a antiguidade e o merecimento, sendo que o tempo mínimo em que se permanece em cada um destes cargos é de quatro anos.

Salário e benefícios

De acordo com o último edital, o salário de Terceiro Secretário (salário inicial) é de R$ 12.962,00. Esse valor é aumentado de acordo com as promoções na carreira, bem como os adicionais por desempenho em cargos de chefia. No exterior, a remuneração será proporcional ao custo de vida no país e inclui auxílio moradia.

O servidor e seus dependentes também terão direito à um plano de saúde, que permite a livre escolha de médicos e hospitais no Brasil e no Exterior.

O Concurso

O Concurso é realizado anualmente em algumas das principais capitais brasileiras. O Edital, que contém estas e outras informações, é lançado entre novembro e janeiro e o concurso realizado entre fevereiro e agosto.

Atualmente, o concurso é composto por quatro fases. Na primeira fase, de caráter eliminatório, a prova é constituída de questões de múltipla escolha de Português, História do Brasil, História Mundial, Geografia, Política Internacional, Inglês, Noções de Economia e Noções de Direito e Direito Internacional Público; a segunda fase, de caráter eliminatório e classificatório, é constituída de uma prova escrita de Português; na terceira fase, eliminatória e classificatória, são provas escritas de História do Brasil, Geografia, Política Internacional, Inglês, Noções de Economia e Noçõesde Direito e Direito Internacional Público; na quarta fase, de caráter exclusivamente classificatório, as provas escritas são de Espanhol e Francês.

 

Guias de Estudo e Inscrições para o Concurso

A Fundação Alexandre Gusmão é responsável pela elaboração e edição dos manuais de estudo do candidato. Estes guias de estudo estão disponíveis para download gratuito no site da entidade.

As inscrições para o concurso são feitas através do site do CESPE/UnB, que é a instituição que auxilia na organização do concurso e na aplicação das provas.

Requisitos para inscrever-se no concurso

Para inscrever-se no concurso, o candidato precisa ser brasileiro nato; ter idade mínima de 18 anos; estar no gozo dos direitos políticos; estar em dia com as obrigações do Serviço Militar (candidatos do sexo masculino) e com as obrigações eleitorais e ter diploma de conclusão de curso de graduação de nível superior. No caso de candidatos cuja graduação tenha sido realizada em instituição no exterior, o candidato deverá apresentar, até a data da posse, a revalidação do diploma exigida pelo Ministério da Educação.

Cota para Afrodescendentes

Uma nova Portaria assinada em dezembro de 2010, pelo ministro das Relações Exteriores, passa a garantir uma reserva de vagas para candidatos afrodescendentes na primeira fase do concurso para admissão à carreira de diplomata.

No novo critério, além dos aprovados para a etapa, que devem ter ao menos 40% de acerto na primeira fase, será acrescentada uma cota de afrodescendentes de 10% do total de aprovados. Se 300 candidatos atingirem a nota mínima, mais 30 afrodescendentes também serão automaticamente aprovados para a próxima etapa. A partir daí, os afrodescendentes competem igualmente com os demais candidatos.

Para mais informações sobre a carreira de diplomata e o concurso de admissão, acesse:

Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) e Instituto Rio Branco

Foto: Gobierno de la Ciudad de Buenos Aires no Flickr

5 Comments

  1. Renato Duarte Plantier

    30 março, 2011 at 5:43 am

    Artigo muito pontual, claro e rico em informações. Excelente! Não precisei nem de outro texto-web para complementar o entendimento!

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  2. Miriam Waltrick

    30 março, 2011 at 8:46 am

    Olá colega Renato,
    assim espero ter podido ajudar o pessoal interessado em prestar este concurso! 🙂

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  3. Aline Santos

    24 junho, 2012 at 7:57 am

    Bom Dia,
    Achei este artigo muito interessante e extremamente rico em informações relativas à carreira em questão. Tenho 16 anos e estudo na Europa, irei fazer faculdade de Relações Internacionais e estou pensando em ir para o Brasil após concluir a faculdade para tentar ingressar na Carreira de Diplomacia. Gostaria de saber se, caso eu não vá para o Brasil e faça um curso de Diplomacia aqui na Europa, posso vir a exercer tal função aí no Brasil? Eu sei que quando estamos ao serviço de outro país não podemos ingressar na carreira aí no Brasil mas supomos que eu apenas faça um curso mas não exerca a função aqui. Será que poderia me exclarecer essa grande dúvida.

    Agradeço a atenção e agradeço por postar esse artigo.

    Aline

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  4. Miriam Waltrick

    3 julho, 2012 at 9:58 am

    Olá Aline, e fico feliz que o artigo tenha te ajudado.
    Quanto à tua pergunta, a única forma de ocupar um cargo de diplomata no Brasil seria via concurso público. Portanto, caso concluas o teu curso superior no exterior, a primeira providência, ao chegares ao Brasil, seria a de validar o teu diploma. Passo seguinte seria inscrever-se no concurso público para a admissão à carreira de diplomata.
    Espero ter esclarecido às tuas dúvidas.
    Abraços e boa sorte!
    Miriam Waltrick

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  5. thiago lescano

    17 junho, 2013 at 10:00 pm

    Parabéns por este artigo,repleto de todas as informações que eu procurava.

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