
O termo internacionalização recebeu, em grande parte, seu sentido atual nos estudos de Kindleberger (1969), ao expôr sua teoria sobre as grandes empresas, em que as fundamenta em um direito de monopólio sobre cinco classes de ativos específicos: acesso à tecnologia, conhecimentos de gestão em equipe, economias de escala nos centros de produção, melhores ideias de comercialização e marcas geralmente bem conhecidas.
O cenário econômico atual caracteriza-se cada vez mais pelo seu dinamismo e sua atitude global. A interdependência entre países, a formação de blocos regionais, o surgimento e crescimento de economias emergentes na Ásia e América Latina, bem como os surpreendentes avanços tecnológicos em distintos setores são, sem dúvida alguma, tendências e configuram o presente ambiente mundial competitivo e em constante mutação em que estamos inseridos.
Como consequência dessas tendências, os fenômenos da globalização dos mercados e a internacionalização das empresas vêm se acentuando ainda mais, o que faz com que seja imprescindível a visão cosmopolita e internacional por parte dos empresários e o desenvolvimento do repensar conceitos e estratégias inseridas em um modelo de economia tão aberta.
Considerando essas características, a internacionalização aparece como uma urgente necessidade para as empresas, como forma de sobrevivência e interdisciplinariedade de projetos futuros. As empresas não se internacionalizam ao ritmo das estatísticas macroeconômicas, mas sim em função das oportunidades que descobrem e das fortalezas e debilidades que enfrentam. Porém é necessário observar que este processo representa um alto nível de dedicação intensiva e a longo prazo, complexo e custoso, que pode inclusive vir a prejudicar a empresa que o empreenda se não realizado previamente uma boa e consistente análise estratégica e um sério e rigoroso estudo de mercado antes do processo da tomada de decisão.
Podemos dizer que há 30 anos atrás, a política empresarial da maioria dos países não era a de conquistar o mundo, e sim ganhar dinheiro no interior dos limites da nação, sem ao menos pensar no acesso massivo ao mercado internacional e na rivalidade com outras empresas que se situam do outro lado das fronteiras. A nível internacional os impostos eram as barreiras mais duras e dificultavam ao máximo a comercialização e acordos; e os empresários, generalizando, centravam-se em seus próprios mercados internos. Essa divisão global fragmentada condicionava também as mentalidades. Entretanto, com o passar dos anos e com os avanços mercadológicos este panorama sofreu mudanças transcedentais.
A economia internacional deste século vem evoluindo de forma considerável, adotando uma série de tendências que levam à ideia antigamente implicíta e hoje extremamente explícita da internacionalização. O crescente significado econômico da cooperação internacional, o incremento progressivo dos movimentos internacionais de capitais, o crescimento progressivo das áreas comercial e de produção, bem como o desenvolvimento constante da transferência internacional de tecnologia são ideias que têm sido colocadas em pauta. Isso sem falar no crescimento dos produtos manufaturados, no aumento de preço dos produtos básicos, das variações de câmbio e da progressão incessante do investimento direto no exterior.
Internacionalizar-se implica gastos mas agrega muito valor à empresa. Ser internacional significa obter vantagens competitivas que lhe permitam superar a concorrência. A decisão sobre quais e quantos mercados abordar, a melhor forma de entrada, o tipo de organização a ser adotado são decisões que requerem análises rigorosas de índole estratégica. Temos que pensar na internacionalização não somente como uma forma de crescimento, mas como uma questão de ampliar riscos para que se possa vender mais e obter alta demanda e reconhecimento implacável perante à concorrência.
Segundo a equipe de investigação da Universidade de Vigo, na Espanha, toda a empresa dever ter alguma vantagem sobre seus concorrentes no país receptor para contrariar os inconvenientes de produzir em um ambiente ainda de pouco conhecimento e experiência. Essas vantagens, denominadas “ownership advantages”, podem dar-se pela existência de economias de escala e de conhecimentos específicos (teconológico) e da capacidade de direção e gestão empresarial, isto é, comercialização e distribuição de bens e serviços, capacidade diretiva e organizativa, capacidade para criar novas tecnologias e posse de recursos e ativos em geral, geradores de lucros. Isso quer dizer que deve ser mais vantajoso para a empresa internalizar os lucros, mediante o investimento exterior direto do que externalizar-los através da venda de patentes ou licenças para outras empresas. Este tipo de vantagens é o que denominamos “internalization advantages” e são geradas através das imperfeições nos mercados de bens e de inputs produtivos, que por sua vez dificultam a fixação de preços, porque desejam esconder informações específicas, proteger a qualidade ou ainda mesmo evitar a intervenção pública (que se dá em forma de impostos, por exemplo).
O processo de internacionalização também pode ser entendido como um processo inovador quando respalda à empresa uma mudança de estrutura organizativa, ou seja, inovação nos programas de marketing e nos objetivos estratégicos. São decisões criativas para organizações que pretendem atuar em condições incertas. E quando a empresa tiver bem definidas as vantagens que poderã alcançar através da internacionalização, poderá começar a responder os seus dilemas estratégicos.
Existe uma variedade de estratégias ou modos de impulsionar econômica e comercialmente a entrada de empresas em outros países. Poderíamos citar as mais conhecidas: exportação, investimento direto, joint venture, licença, franquia e contrato de administração e/ou produção. Há que analisar a área país de origem e traçar um paralelo à área país de destino, pois a empresa está influenciada por base de operações. Essa última serve para fixar condições com o fim de estabelecer os acordos cooperativos – verticais e horizontais.
Logicamente, a estretégia deve ser definida sobre a base de meta ou vantagem competitiva que se obtém sendo internacional. Porém, quando o mercado de destino escolhido é maior que o de origem, é complexo em suas práticas comerciais e de distribuição, possui costumes e hábitos de consumo diferentes, apresenta obstáculos tributários e uma significativa burocracia estatal, o melhor caminho a ser seguido é conseguir um bom sócio local que já tenha a experiência e o conhecimento de como driblar essas barreiras.
Os sistemas próprios que incluem o know-how que as orgnizações desenvolvem baseados nas suas experiências em outros países, lhes permite acertar no desenvolvimento das estratégias internacionais. É o caso das multinacinais Nestlé e Unilever, cujo conhecimento acumulado é aplicado com custo nos países em que ingressam.
Foto: sandrashowtes.wordpress.com
Raquel
11 maio, 2012 at 2:22 pm
Artigo muito completo Paula, se as empresas brasileiras se dedicarem exclusivamente a produzir para o mercado interno, sofrerâo a concorrencia de empresas estrangeiras dentro do próprio País, por eso deverâo modernizar-se e tornar-se competitivas em escala internacional de modo ativo e permanente ou de maneira eventual, com maior productividades; disminuçao de carga tributaria em exportaçao; reduçao de dependencia das vendas internas e aumento de capacidade innovadora.
Vitor
2 novembro, 2014 at 12:48 pm
Parabenss!!!!
Artivo sensacional !!!!