
Os brasileiros além de estarem viajando mais também estão gastando bastante no exterior. Segundo o Banco Central foram gastos quase cinco bilhões de dólares somente no primeiro trimestre deste ano. A marca ocasionou o destacável crescimento de 41,4% se comparada com os primeiros três meses do ano passado, o que danificou diretamente a conta turismo do primeiro trimestre com um rombo recorde nas contas externas de 2,9 bilhões de dólares. Com isso o déficit nas transações correntes passou para US$ 14,6 bilhões no período. Em contra partida, o investimento internacional no Brasil é tão grande que a contra balança encontra o seu equilíbrio.
Uma das maiores motivações do fato foi à baixa ocorrida no último semestre do ano passado que já apontava índice para crescimento. Nos primeiros 10 meses acumulou-se RS$13 bilhões gastos externamente em detrimento dos RS$4,7 bilhões gastos por estrangeiros dentro do país no mesmo período. Aparentemente, apesar da marca elevada, o número provavelmente aumentará bastante no final de 2011.
Vale frisar que o déficit nas contas externas conta com duas contas essenciais, a comercial e a de investimentos de capitais. De certo que comercialmente os brasileiros estão gastando mais do que recebendo turisticamente, porém, o crescimento do IED (Investimentos Externo Direto) é uma prova direta que os investimentos externos direto no mercado de capitais equilibram o déficit externo. Em 2010 a marca foi de US$ 48,4 bilhões, nos últimos dozes meses está em US$ 60,4 bilhões, sendo que RS$ 17,5 bilhões ocorreram somente no primeiro semestre deste ano – interessante notar que o setor de telecomunicações foi o que mais recebeu investimento, quase dois bilhões.
Sendo assim, a remessa de dinheiro deixado pelo investimento estrangeiro externo é arrecadada na conta corrente e distribuída para o pagamento de diversos déficits, inclusive às transações correntes externas. Ressalta-se que se o país não tivesse dinheiro para saudar esta dívida teria de tomar dinheiro emprestado do FMI, sendo que os juros para o pagamento futuro naturalmente seriam mais elevados.
De fato que o investimento de capital salda o rombo externo, porém, estes números evidenciam uma marca frequente na história da economia turística do Brasil, os brasileiros gastam mais dinheiro no exterior do que os estrangeiros em terras nacionais – reflexo de infra-estrutura turística preparada ou diferença cambial? Sugiro a primeira opção.
Foto: corvojoe no Flickr