
No Brasil, um professor pode estar dando uma aula defendendo os ideais de Martin Luther King e ser racista. É difícil identificar quem é quem, e com isso, o combate à discriminação fica cada vez menor. A mulher negra tem que se desdobrar para ganhar o mínimo do mínimo. As mulheres negras trabalham e sofrem mais discriminação no trabalho.
Pode se dizer que praticamente metade da população brasileira é de negros. A escravidão já acabou a mais de um século e o preconceito continua enraizado. No caso da mulher negra a discriminação é dupla. A discriminação brasileira contra negros é bem singular, está por baixo dos panos, ninguém sabe quem é quem.
Os negros construíram o país. O Brasileiro não reconhece que vive em uma região com essência negra, aliás, dificilmente a mídia pauta o tema. O Brasil multicolorido traz por de trás da tela um mundo bem preconceituoso. Pode-se dizer que 20% das mulheres negras no mercado de trabalho preenchem cargos em trabalhos domésticos, onde somente 1/3 delas são contribuintes da previdência social.
Segundo a economista do DIEESE, Patrícia Lino Costa, a condição do negro no mercado de trabalho historicamente “sempre foi desfavorável, no caso das mulheres negras, elas possuem maior taxa de desemprego indicando a dificuldade de inserção”. Já a advogada Tatiana Santos observa que “ela sofre discriminação por ser mulher, por ser negra, e se for de uma condição socioeconômica inferior, por ser pobre”.
A coordenadora técnica do Maria Mulher, Lúcia Pereira, diz que “com a mesma função e mesmo nível de escolaridade, a mulher negra recebe menos do que o homem negro, branco ou mulheres brancas”. Pode se dizer que Fortaleza representa o maior emblema de como as renumerações são desproporcionais e discriminatórias – o salário médio do trabalhador branco é de 1.000 reais enquanto que a mulher negra ganha 396 reais, menos do que um salário mínimo.
As mulheres negras também são as que morrem mais, aspecto natural uma vez que são as mais pobres e dependentes do sistema público de saúde, completamente falido. Enfim, independente de tanta desigualdade implícita, estas mulheres vão à luta com toda força característica desta essência feminina e, muitas vezes, consegue se sobressair. Tenha em mente que muitas vezes elas precisam trabalhar três vezes mais para obter êxito profissional. A resistência dos empregadores e da sociedade está embutida no subconsciente e na história preconceituosa contada somente pelos vencedores das guerras. É necessário rompera corrente.
Foto: yooperann no Flickr